Como as redes sociais podem influenciar nas eleições municipais no Brasil em 2020

Social bots, filtros bolha e mentiras que se viralizam: direita, ele fez muito melhor do que seus adversários políticos como é o funcionamento das redes sociais. As manipulações da popularidade de diferentes temas ou as alterações das preferências do público, originadas inicialmente na esfera virtual, repercutem em seguida, na política. Os efeitos começam logo nas pesquisas eleitorais de 2020 que também são feitas por influencia das redes sociais e acabam ajudando a definir os destinos e forças de candidatos e partidos durante a corrida.

É claro que nada do que diz Donald Trump pode dar-se por certo sem ter checado. Mas de tudo o que disse durante a primeira grande entrevista que deu após as eleições, há algo que parece ter fundamento. Trump disse que devia seu sucesso às redes sociais, é mais, disse: “Acho que as redes sociais são mais poderosas que o dinheiro de campanha”. A pergunta que se segue é, então, como influenciou esse poder em 2016, um ano que parece concebido pelo editor de uma revista satírica em estado de embriaguês?

Fake news nas eleições

A função básica das notícias falsas (fake news) é tão antiga quanto o ser humano: trata-se de uma forma tecnificada do rumor. Aí surge o primeiro problema, já que nas redes sociais como o Facebook, a apresentação é a mesma, seja qual for a origem da informação. Um artigo do The New York Times checado por 15 especialistas causa a mesma impressão que qualquer disparate inventado por adolescentes macedônios. O desenvolvimento de instant articles (artigos instantâneas) acentua ainda mais o fenômeno, já que estes artigos são enviados ao servidor de Facebook, e –salvo o logotipo do meio em questão– têm todos a mesma aparência. Nasceu uma nova forma de rumor visual e chega camuflada como uma notícia verdadeira: a notícia mimetizada.

Segundo Mark Zuckerberg, a ideia de que as notícias falsas têm influência política é “um disparate”. Eu acho que essa afirmação é uma defesa mal projetado. De fato, o departamento de publicidade do Facebook, por caso, está convencido de que comunicar através dessa rede social em si tem efeito. As investigações também apontam que as informações inventadas nas redes sociais atuam como formadoras de opinião, quntos sites falsos você já não viu que tentam imitar o portal G1, por exemplo?

As notícias falsas perseguem dois objetivos principais: atrair a atenção para ganhar dinheiro com publicidade e exercer influência política. Isto tem um efeito político porque a função das notícias nas redes sociais é diferente do que se costuma supor: não se trata tanto de difundir informação como de gerar comunidade. Acontece que os posts servem para projetar a própria personalidade, fortalecer o relacionamento com aqueles que partilham a mesma forma de pensar e de se diferenciar de outros. E isso costuma ocorrer além das convicções políticas que alguém tenha: diga-me o que você compartilha e eu te direi quem você quer ser.

É por isso que os usuários tendem a compartilhar as informações que apoiam a sua própria visão do mundo; a veracidade ou a objetividade passam a um segundo plano: é a hora das notícias falsas, de que existem representantes muito mais numerosos e eficazes na direita do que na esquerda. E isso altera a formação da opinião política. O ambiente pessoal digital adquire maior importância e, alimentado de notícias falsas, você pode escalar em uma espiral que reforça sempre a própria opinião: os meios clássicos –e, portanto, os critérios jornalísticos– assim perdem sua importância. A base da decisão eleitoral, a percepção do mundo, encaminha-se para a “verdade sentida”.

O melhor a se fazer para evitar é pesquisas as informações em lugares confiáveis como sites de eleições, portais de notícias e jornalismo e acompanhar a análise de discursos dos candidatos antes da data das eleições. Assim, poderá ir ás urnas sem o peso da manipulação.

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